a próxima, por favor.

Nos dias que sucedem a votação das Eleições 2010, sinto minha cabeça latejar como uma manhã after bebedeira. Aqueles flashes que rondam essas ocasiões geralmente me fazem lembrar de tombos ou de uma sinceridade atropelada, que sempre resulta numa bola fora com algum conhecido – ou desconhecido. Mas, no caso da ressaca eleitoral, os flashes não vêm do meu cerebelo e nem geram conseqüências particulares. Vêm dos meus suplementares modernos e virtuais: twitter, facebook, e-mail. E atingem o maior país da América Latina.

De esquerda, direita, fãs do Bozo ou não, até agora não vi ninguém 100% satisfeito com o resultado do primeiro turno. E, como os flashes de uma ressaca de 51, o presente nos faz lembrar daquilo que gostaríamos de poder esquecer ou apagar do passado. Os amigos, assim como eu, fazem uso desses outdoors online pra mostrar a indignação e, de certa forma, se livrar de uma vergonha brasileira… Culpamos a ignorância, a mídia, o abuso, as leis, o governo, tudo. E só se fala nisso: em quem é o culpado. Nada mais natural.

Mas eu já sinto meus miolos torrados de tanto pensar, tentando achar um réu pro cenário que se configurou. Porque assim como a gente tenta justificar com muitos argumentos as roubadas que se mete quando está pra lá de Bagdá, tentar achar um único responsável pelo golpe da eleição do pai do Florentina de Jesus é se enfiar num labirinto de possibilidades. Afinal, ressaca braba mesmo só acontece quando você faz uma miscelânea de bebidas… Revolta, burrice, manipulação? Todas essas, juntas e misturadas.

Ele superou 1 milhão de votos. Ponto.

Ciclo vicioso maior do que nossa política cancerígena é jogar um problemão coletivo no colo do outro (qualquer um, contanto que não o seu). Sugiro pararmos de tentar achar o culpado, e deixar isso pros historiadores e sociólogos que virão depois de nós. Quero achar uma solução, nem que ela demore 4, 10 anos. Óbvio, se vier antes, melhor: torço pro Tiririca não conseguir escrever a carta. Mas preciso da solução, de verdade, nem que ela exija que eu perca a fadiga do meu conforto e vá dar aulas voluntárias sobre direito eleitoral em comunidades carentes. Ou que me faça incorporar o espírito sessentinha pra sair na rua e gritar pelo voto facultativo. Já pensou nisso? Na sua parcela real de contribuição (e esforço) pra que não cruzássemos o limite do ridículo?

Quero parar de reproduzir os flashes. O melhor Engov pra essa ressaca (e para efeito semi- imediato) não é a reflexão… Apesar de eu ser loucamente apaixonada por ela! Aliás, nem eu nem você estaríamos aqui sem a tal. Mas quero engolir a cartela da vergonha e passar pra próxima dose. Alguém me acompanha?

pari esse texto em 6 de outubro de 2010